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terça-feira, 13 de junho de 2023

AVENTAL MAÇÔNICO


AVENTAL MAÇÔNICO: Símbolo material e espiritual

Gilson Lourenço Ribeiro


Um dos pimeiros contatos que temos com o mundo maçônico ao ser iniciado é com o avental. De certa forma, ele nos mostra que somos parte a partir de então de algo maior, que já não estamos mais sozinhos. O avental que utilizamos nos remete então a ideia de fraternidade, de igualdade, mesmo que naquele momento vemos que alguns irmãos usam um avental diferente, mas todos estão com um avental.  Segundo o Irmão Assis de Carvalho, “é o principal Símbolo que compõe a Indumentária Maçônica”. 

O avental traz em si muitos ensinamentos e funções, cabendo a cada um utilizá-lo para sua evolução no desbastar da sua pedra bruta. A vestimenta representa também o dever maçônico de trabalhar em prol do desenvolvimento tanto pessoal  quanto da fraternidade e da humanidade, de estar sempre de pé e a ordem na prestação do serviço a quem quer que esteja necessitando. Do ponto de vista físico seu uso é obrigatório nas reuniões em loja, mas particularmente penso que moralmente ele deve estar sempre presente na vida do maçom. 

Visando melhor entender a função e o porquê das diferentes formas, vamos fazer um breve recorte histórico do Avental. Contudo, o objetivo aqui é trazer a baila uma análise histórica e funcional, voltado ao Grau de Aprendiz, já que, como todos sabem, muitos símbolos que compõem os Aventais de Graus mais elevados ainda fogem e devem mesmo fugir do parco conhecimento do neófito que está no Grau de Aprendiz Maçom. Para alguns escritores as origens do uso do avental está ligado ao Paraíso Terrestre, e teria Adão como seu inventor quando do uso da folha de parreira, a qual utilizou para cobrir suas genitálias. Esta teoria, no entanto, tem muitas objeções e carece tanto de base científica como de base filosófica. Nas palavras do Irmão Assis Carvalho seria “uma fantasia, um afã criativo” creditar a origem do Avental a figura de Adão.

Outros atribuem uma origem milenar do Avental, relacionando com os Mistérios Egípcios, Persas, Hindu, etc. De fato, nos registros históricos temos já o uso de um adorno de forma triangular, com a cúspide para cima e com vários adornos diversos dos que temos na atualidade. Já uma corrente histórico/filosófica defende que o surgimento do Avental ocorreu nas Guildas e corporações medievais. Foram essas associações que deram origem à Maçonaria Operativa e tinham como hábito a distribuição de aventais para serem utilizados no exercício de seu ofício. Assim, os aventais tinham leves diferenças que estavam relacionadas com o trabalho e conhecimento em relação ao ofício a ser desenvolvido, como açougueiro, sapateiro, etc. Era dessa forma ligado à ideia de trabalho, um instrumento da labuta diária. Feito predominantemente de couro de carneiro por ser mais espesso, visava assim proteger os obreiros dos perigos da labuta diária. Em linhas gerais o Avental era uma proteção para o corpo dos maçons primitivos, cobrindo, em regra, do pescoço até o abdômem, sendo que o do aprendiz cobria uma parte maior do corpo, já que o mesmo não possuía ainda as habilidades necessárias para manuseio das ferramentas do seu ofício. 

Podemos dizer que é sem dúvida um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, constituindo, praticamente, a parte principal do traje maçônico. Nos remete, como mencionado, as origens operativas da Instituição maçônica, sendo ele o principal signo externo do período operativo. A verdadeira insígnia do Maçom. Esta peça era fundamental para o Maçom operativo, já que protegia sua roupa contra cortes, perfurações, queimaduras e também das sujeiras. Com o mesmo propósito, ou seja, proteção, nós, Maçons Especulativos, só podemos adentrar ao Templo devidamente paramentados, sendo assim para nós uma alfaia a simbolizar o trabalho do Maçom e a proteger das arestas, das pedras brutas e tambem das lascas que retiramos ou presenciamos na transformação da pedra que está sendo trabalhada.

É de cor branca, de pele de carneiro  ou tecido que a substitua, quadrangular, com 35 cm de altura e 40 cm de largura, com abeta triangular, preso à cintura por um cordão ou fita da cor da orla. Porque essa cordinha que serve para fixar o avental, tem mais um objetivo muito importante, noutros planos, além do plano material. Ela serve como elemento de retenção da força, da energia que é captada por nós nessa corrente que formamos, captada de forma especial quando erguemos nossa mão para o alto. 

Quando um operário veste seu traje e coloca seus equipamentos de proteção individual ele não está se enfeitando, está se vestindo adequadamente para o trabalho. Dessa forma, paramentar não é se adornar ou enfeitar, mas sim compor-se de forma adequada. 

Para o Aprendiz Maçom o uso da abeta levantada demonstra o processo de aprendizagem em que está e  somente após estar mais evoluído e apto a controlar suas paixões chegará ao Grau de Companheiro e poderá usar a abeta abaixada.  

Para finalizar vemos que o Avental é de tal forma importante dentro do simbolismo da Maçonaria, que nós sabemos que muita coisa pode ser mudada em Loja – desde alguns objetos, até o próprio ritual pode ser ligeiramente modificado numa determinada sessão. Mas o Avental esse não muda. Não se pode entrar em Loja sem ele vestido. Da mesma forma, só se pode tirar o Avental após encerrada a sessão, e fora do recinto de trabalho. Por aí, sente-se a importância do símbolo.



Bibliografia

Ritual do Grau de Aprendiz Maçom

CAMINO, Rizzardo da. Breviário Maçônico, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014

CARVALHO, Assis. Ritos & Rituais, 1a ed., Londrina: Ed. Maçónica “A Trolha”, 2001;


EM PÉ E À ORDEM


EM PÉ E À ORDEM NA MAÇONARIA

A Maçonaria é uma instituição admirável. Pelos seus princípios, pela sua história e pela sua razão de ser.

Dentre os princípios que lhe asseguram a existência, destacam-se como fundamentais o culto permanente à virtude e o combate sem trégua a toda sorte de vícios.

Do ponto de vista de sua história, pode-se afirmar que nenhuma nação do planeta pode se jactar de não lhe dever a consolidação de suas conquistas, sobretudo no que respeita à defesa de seus direitos fundamentais, sobremaneira a liberdade.

A luta permanente em defesa da fraternidade universal e o combate sem trégua a todas as ideologias e ações que atentem contra a dignidade do homem e à ética nas relações de convivência, dentre outras, justificam, cabalmente, sua razão de ser.

É dever fundamental de todos aqueles que por meio da Iniciação penetram, ainda que superficialmente, nos mistérios da Maçonaria, conhecer e interpretar seus símbolos e alegorias. Não se pode entender que o Maçom não saiba o significado da ritualística que pratica e da liturgia dos diversos atos maçônicos.

Se o Maçom não sabe o significado real de sua Iniciação e o que significam os símbolos que ornamentam o interior de uma Loja Maçônica; jamais poderá fazer progresso na Sublime Ordem e o que é pior inapelavelmente, por não saber o que está fazendo na Maçonaria, seu desinteresse e sua inércia só concorrerão para a fragilização da Instituição.

A obediência cega, sem curiosidade aos comandos daqueles que dirigem as Lojas, é perniciosa e inglória. Não se trata aqui de aplaudir o velho chavão sem lógica, mas usado com freqüência, de que FULANO ENTROU NA MAÇONARIA, MAS A MAÇONARIA NÃO ENTROU NELE. Não é isso, quem entra para a Maçonaria tem que conhecê-la para poder amá-la e contribuir para o fortalecimento de sua existência. Quem entra para Maçonaria tem que honrar os sagrados juramentos que faz e os compromissos a que se submete. Quem entra para a Maçonaria tem que tomar posse de seus postulados, estes sim devem penetrar no território de seus conhecimentos.

A Maçonaria, segundo palavras do saudoso Irmão Octacílio Schuller Sobrinho, é uma Escola de Conhecimento.

Os conhecimentos adquiridos conduzem o Maçom à senda da Perfeição, da Justiça, da Moral e dos Bons Costumes; se praticados dentro de um Templo interior, que denominamos de Cátedra Maçônica, que em nossa interpretação é o Templo Sagrado onde o Irmão eleva-se espiritualmente, em presença do Ser Onisciente e Onipotente, e isso é o que difere de uma cátedra comum no mundo profano.

Mas o que significa estar o Maçom DE PÉ E À ORDEM? Qual a definição da expressão DE PÉ E À ORDEM?

Significa o Irmão de forma digna, séria, elegante, com o corpo ereto, erguido verticalmente, estando de pé no interior de um Templo Maçônico;

Significa que, estando o Maçom em Loja “de pé e à ordem” ele estará fazendo o sinal do grau em que a Oficina da Arte Real está funcionando; de forma absolutamente correta.

Que o Irmão ao dizer-se “de pé e à ordem” para outro irmão, seu Grão-Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, etc. ele está dizendo que está pronto para receber e cumprir ordens e, principalmente,

Que o Maçom diz-se DE PÉ E À ORDEM por estar cônscio de suas obrigações para com a Sublime Ordem, a Família, a Pátria e a Humanidade.

DE PÉ E À ORDEM é mais do que uma mera passagem ritualística; é um ato que homenageia a LITURGIA MAÇÔNICA.

Faz lembrar que nas missas, em alguns momentos fica-se de pé, em outros de joelho, tudo para obedecer à liturgia.

Faz lembrar também que, em algumas solenidades, fica-se de pé, quando certa autoridade chega; fica-se de pé, quando se executam ou se cantam os hinos oficiais.

Nos nossos Templos Maçônicos, quando neles adentram certas autoridades, fica-se de pé, ainda que para isso seja necessária a ordem do dirigente.

DE PÉ E À ORDEM o Maçom é elegante, ou seja, é aquele que demonstra interesse por assuntos que desconhece; quem cumpre o que promete; quem retribui carinho e, primordialmente, solidariedade; é muito elegante não falar de dinheiro nos bate-papos informais. Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância!

O primeiro ensinamento que nos passam na Iniciação diz respeito ao sinal de ordem, cuja interpretação tem conexão com o juramento que prestamos. Aprende-se também, no mesmo momento, que o dito sinal não se faz quando se estiver sentado e nem quando nos movimentamos em Loja. Ensina-se na mesma ocasião que o sinal de ordem deve ser usado quando de pé, sempre de pé, quando se pede a palavra ou se está entre colunas.

E quando aquele que preside a sessão (Grão Mestre, Venerável Mestre, etc.), determina, às vezes tem o som do autoritarismo, até porque alguns ao invés de pronunciarem DE PÉ E À ORDEM pronunciam, erradamente, DE PÉ É A ORDEM.

Mas por que de pé? Porque sem dúvida alguma em todos os costumes conhecidos o gesto de FICAR DE PÉ, expressa RESPEITO, REVERÊNCIA, CONSIDERAÇÃO e em alguns casos quer significar FORTE HOMENAGEM. É o caso, por exemplo, quando se aplaude de pé alguém que pronunciou um belo discurso, ou que adentra a um determinado recinto…

DE PÉ E À ORDEM, sem embargo de melhor entendimento, para mim significa que estamos aguardando ordem, à disposição, tanto individual quanto coletivamente. Pronto para receber e procurar cumprir as ordens emanadas de quem pode dar.

E finalmente pode, ainda, expressar um gesto de humildade, dado que, a humildade é uma das muitas virtudes cultuadas por nós Maçons e pela Maçonaria.



·         [1] Texto adaptado do artigo intitulado “Em pé e a Ordem” extraído da Revista Universo Maçônico, disponível em https://www.revistauniversomaconico.com.br/ritualistica/em-pe-e-a-ordem/

 


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